Transição energética: especialista diz que Brasil 'acerta' ao focar em implementação na COP30
11/11/2025
(Foto: Reprodução) Chris Fitzgerald, diretor de Assuntos Internacionais da Octopus Energy
Reprodução/TV Globo
O britânico Chris Fitzgerald, diretor de Assuntos Internacionais da Octopus Energy, uma das maiores empresas de energia renovável da Europa, afirma que o Brasil está no caminho certo ao colocar a implementação da transição energética no centro da agenda da COP30.
“O foco do Brasil na implementação é absolutamente o correto”, afirmou Chris Fitzgerald em entrevista para a TV Globo durante a conferência em Belém.
Fitzgerald lembra que, há menos de uma década, o planeta parecia condenado a um aquecimento de 4°C até o fim do século. Agora, as projeções caíram para 2,6°C, um avanço considerável, mas ainda insuficiente para a meta de 1,5°C prevista no Acordo de Paris. “Isso ainda não é longe o bastante”, afirmou. Segundo ele, “ainda falta o outro terço de países definir seus planos climáticos” para que a redução global de emissões ganhe tração real.
Avanço rápido, mas benefício ainda distante do consumidor
O executivo destaca que a transição energética está acontecendo “por razões econômicas, e não ideológicas”. Segundo ele, é um sinal de que a mudança para energias limpas é irreversível. Mas alerta: a revolução tecnológica não está chegando ao bolso das pessoas.
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Nos últimos dez anos, 15 vezes mais energia solar foi adicionada à matriz global do que o previsto, e o custo de tecnologias como painéis solares e baterias caiu 90%. Ainda assim, “o preço da energia não está a ser sentido nos bolsos das pessoas em casa”.
Para ele, o próximo passo é garantir que o avanço tecnológico se traduza em acesso e economia. “O que precisamos fazer é focar em como oferecer excelente atendimento ao cliente e energia acessível, para que as famílias possam beneficiar da transição energética.” Isso, diz, depende de uma combinação de esforços entre governo, empresas e inovação tecnológica.
Brasil como vitrine global
Na avaliação do especialista, o Brasil é hoje “um líder mundial” em transição energética, com cerca de 90% de sua eletricidade já proveniente de fontes renováveis. Fitzgerald elogia o “trabalho muito ponderado sendo feito para garantir energia confiável e acessível aos clientes” e destaca a importância de dar ao consumidor “escolha sobre a origem da energia”.
“O Brasil tem a oportunidade de liderar não apenas pelo número de energias renováveis em seu sistema, mas em como elas estão a chegar aos clientes”, afirmou.
Desafios técnicos e dependência do petróleo
Globalmente, a transição encontra obstáculos que vão da infraestrutura à política. Um dos principais desafios técnicos, explica o executivo, é “descobrir como integrar as energias renováveis para que não sobrecarreguemos a rede”.
Ele também reconhece que países fortemente dependentes do petróleo, especialmente no Oriente Médio, enfrentam uma transição mais complexa. “O petróleo é uma grande fonte de dinheiro, e mudar esse modelo não é tão fácil quanto em outros países.”
Ainda assim, Fitzgerald acredita que a virada já começou — e que o Brasil pode ser uma das forças que aceleram essa transformação. “O que está acontecendo é empolgante aqui e em todo o mundo”, disse.