UnB torna Lélia Gonzalez doutora honoris causa e dá o nome da escritora e ativista ao Centro de Convivência Negra
06/11/2025
(Foto: Reprodução) Lélia Gonzalez, em imagem de arquivo
Alberto Jacob/Agência O Globo
A Universidade de Brasília (UnB) concedeu um título de honra póstumo à professora e ativista Lélia Gonzalez.
Nascida em 1935, em Minas Gerais, Lélia foi uma mulher negra que lutou pela causa antirracista e feminista durante anos marcados pela repressão política e por intenso preconceito e conservadorismo.
Ela morreu em julho de 1994, aos 59 anos.
O título foi definido pelo Conselho Universitário da UnB, e a cerimônia foi realizada nesta quinta-feira (6) no auditório da associação de docentes da universidade.
"Por ter se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos", diz a decisão.
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O título foi recebido por Melina de Lima, neta de Lélia, cofundadora do projeto "Lélia Gonzalez Vive" e diretora de educação e cultura do Instituto Memorial Lélia Gonzalez.
O titulo de "Doutora Honoris Causa post mortem" é concedido quando uma pessoa foi responsável por ações de grande impacto para uma causa e por sua atuação durante sua vida.
Ao longo de sua vida, Lélia González prestou contribuições sociais, culturais, acadêmicas e políticas ao país, ressaltadas na decisão do Conselho Universitário.
Especial GloboNews: O legado de Lélia Gonzalez
Atuação de Lélia
Lélia González se formou em licenciatura em História e Geografia e bacharelado e licenciatura em Filosofia, ambos pela Universidade do antigo Estado da Guanabara.
Teve uma forte presença acadêmica, tendo sido professora universitária e pesquisadora em instituições como a Faculdade de Filosofia de Campo Grande, a Universidade Gama Filho, além de ter sido diretora da Faculdade de Comunicação e coordenadora do Departamento de Estudos e Pesquisas do Centro Cultural das Faculdades Integradas Estácio de Sá.
Publicou capítulos de livros como "Racismo e sexismo na cultura brasileira", "A mulher negra na sociedade brasileira", "The Unified Black Movement: a New Stage in Black Political Mobilization", "The Black Woman in Brazil", "Griot" e "Guerreiro".
Escreveu também artigos. Suas obras sempre abordaram a luta da mulher negra na sociedade.
Como cita o prof. Luiz César de Sá Junior, a profa. Lélia Gonzalez foi:
" [...] Figura do trabalho cotidiano de enfrentamento ao racismo, sobretudo nas periferias do capitalismo periférico, onde encontra um potencial crítico e afetivo cujo força hoje está mais que demonstrada. De fato, nem tudo são dores; Lélia González alçou o questionário da gente negra brasileira também à estética, a uma revolução cultural cuja condição de possibilidade reside no horizonte da paz."