Com mais de 20 mil moradores atingidos pela cheia, Rio Branco mantém situação de emergência
29/12/2025
(Foto: Reprodução) Prefeitura de Rio Branco decreta situação emergencial por conta de cheia do Rio Acre
Com mais de 20 mil moradores atingidos pela cheia do Rio Acre, a Prefeitura de Rio Branco declarou, nesta segunda-feira (29), a permanência da situação de emergência publicada em março deste ano.
O decreto nº 1.212 é do dia de 14 de março de 2025 e leva em consideração a cheia do Rio Acre, que já desabriga mais de 400 pessoas. O documento deve ser publicado em edição extra no Diário Oficial do Estado (DOE) ainda nesta segunda.
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O documento pontua a quantidade de chuvas acumuladas, principalmente desde o dia 24 de dezembro. Em Rio Branco choveu, até este domingo (28), um total de 483 milímetros, sendo que a média esperada para o mês era em torno de 265 milímetros.
A quantidade reflete em um acumulado total de 97% de chuvas acima do esperado para todo o mês.
Enchente no Acre é considerada atípica
Lucas Thadeu/Rede Amazônica Acre
O decreto detalhou que foram registradas chuvas abundantes em toda a bacia do Alto Acre (Assis Brasil, Brasiléia e Xapuri e Riozinho do Rôla) e na região de fronteira com o Peru (nascente do Rio Acre), além do Alto Acre (Assis Brasil, Brasiléia e Xapuri) que influenciam diretamente na elevação do Rio Acre em Rio Branco.
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Também especifica que o Riozinho do Rola, afluente do Rio Acre, também ocasionam uma elevação acentuada do manancial na capital.
De acordo com a Defesa Civil Municipal, mais de 20 mil pessoas já foram atingidas por conta da cheia do Rio Acre e enxurradas na capital acreana. As fortes chuvas que atingiram Rio Branco entre a última quinta-feira (25) e sexta-feira (26) provocaram estragos em diferentes regiões da capital.
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Cheia na capital
A enchente do Rio Acre já desabriga mais de 400 pessoas na capital acreana. Conforme dados da Prefeitura de Rio Branco e do governo estadual, há 411 pessoas instaladas em sete abrigos, montados em escolas e centros de cultura.
No total, são 141 famílias desabrigadas. Sobre o número de famílias desalojadas, aquelas que estão com parentes ou amigos, a Defesa Civil de Rio Branco informou que há 216 na casa de parentes ou amigos. Deste total, 138 pediram ajuda do órgão para remoção e outras 78 saíram por conta própria.
O nível do Rio Acre continua subindo e chegou a 15,37 metros na medição ao meio-dia desta segunda-feira (29). Nas últimas 24 horas não foram registradas chuvas na capital acreana, mas, apesar disso, foi registrado um aumento de 42 centímetros no manancial na capital.
Janaína Brenna mora no bairro Seis de Agosto e se mudou para a casa do pai
Júnior Andrade/Rede Amazônica
Janaína Brenna, de 22 anos, mora no bairro Seis de Agosto desde que nasceu e contou que a enchente em dezembro pegou todo mundo de surpresa.
"Ninguém estava esperando, que ainda esse ano, a alagação ia vir para arrebentar mesmo. É mais para fevereiro e março. E ainda assim, Natal, Ano Novo, você pensa que quando vai festejar, vem isso. Aí, a gente espera a Defesa Civil tirar as coisas. Espera molhar para poder vir tirar, aí é difícil, ainda mais com as crianças", lamentou ela.
Abrigos
De acordo com o coordenador da Defesa Civil Municipal, tenente-coronel Cláudio Falcão, o Rio Acre é monitorado desde 1970 e a única vez que foi registrado tamanho transbordamento em dezembro foi no ano de 1975, há 50 anos.
Falcão detalhou nesta segunda que há 141 famílias desabrigadas, um total de 411 pessoas que precisaram sair de casas e estão em abrigos na capital.
Enchente Rio Branco já desabriga mais de 130 famílias
Júnior Andrade/Rede Amazônica Acre
Há seis abrigos montados pela Prefeitura de Rio Branco e um pelo governo estadual. Os abrigos abertos são:
Escola Álvaro Rocha - Bairro: Conquista (Há 14 famílias - um total de 51 pessoas)
Escola Anice Jatene - Bairro Geraldo Fleming (Há 16 famílias - um total de 56 pessoas)
Escola Maria Lúcia - Bairro Morada do Sol (Há 13 famílias - um total de 38 pessoas)
Escola Georgete Eluan Kalume - Bairro Cadeia Velha (Há 8 famílias - um total de 31 pessoas)
Escola Marilda Gouveia Viana - Bairro João Eduardo I (Há 9 famílias - um total de 58 pessoas)
Centro de Cultura Mestre Caboquinho - Bairro Vila Maria, Estrada do Aeroporto (Há 75 famílias - um total de 130 pessoas)
Escola Estadual Leôncio de Carvalho (abrigo indígena) - Bairro Benfica (Há 6 famílias - total de 47 pessoas)
Em Rio Branco choveu, até este domingo (28), um total de 483 milímetros, sendo que a média esperada para o mês era em torno de 265 milímetros. O que se reflete em um acumulado total de 97% de chuvas acima do esperado para todo o mês.
O coronel pontuou que os moradores reclamam de determinadas situações onde não estão conseguindo apoio para saírem de suas casas e afirmou que há protocolos que precisam ser seguidos.
"Para poder atender a quantidade de demanda que é muito grande temos que montar abrigos imediatos, abrir escolas, fazer a remoção de famílias e relacionado ao corpo de bombeiros, por exemplo o corpo de bombeiros é a nossa base operacional, as equipes são da defesa civil e nós utilizamos o sistema de 193 para que essas ocasiões entrem nesse sistema imediatamente.
Rio Acre continua subindo e já desabriga mais de 400 pessoas
Restaurante Popular
A Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos informou que o atendimento ao público geral está suspenso por tempo indeterminado no Restaurante Popular. A medida visa concentrar os atendimento apenas às pessoas afetadas pela cheia e em situação de rua.
Chuvas anteriores
As fortes chuvas que atingiram a capital acreana entre a última quinta-feira (25) e sexta-feira (26) causaram estragos em diferentes regiões e continuam repercutindo na vida de quem mora próximo ao rio e igarapés.
Ainda segundo o órgão, o prejuízo para essas pessoas foi em decorrência da enxurrada, uma vez que o manancial que corta a cidade transbordou no início deste sábado (27). "Já estamos montando um abrigo no Parque de Exposições para atender novas ocorrências”, explicou Falcão.
As chuvas, que somaram 171 milímetros de sexta para sábado, provocaram o transbordamento de igarapés, alagamentos em bairros da parte alta e baixa da cidade e outros danos à infraestrutura urbana. Também foram observados o rompimento de vias públicas, isolamento de ruas e deslizamentos de terra.
🚨 A cota alerta máximo é fixada em 14 metros. Isto significa que a partir desta marca, o manancial pode começar a inundar os bairros próximos às margens. Este é o segundo registro de transbordo em menos de um ano, uma vez que o rio também ultrapassou a marca em março.
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